O computador, a escola, a criança e uma eterna discussão

Enquanto é inaugurada, em Munique, a segunda maior feira de tecnologia de informação da Alemanha, a Systems, um estudo publicado, pelo Instituto de Pesquisas Econômicas (Ifo), da mesma cidade, arrefece o ânimo de quem acha que todas as escolas devem ser computadorizadas.

A discussão em torno da pergunta se o computador seria prejudicial ao desempenho escolar é tão antiga quanto o próprio computador. Após os resultados das pesquisas realizadas pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD), em 2003, através do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o estado das artes era que as crianças que tinham acesso ao computador, em casa e na escola, possuíam um melhor desempenho escolar.


Computadores e outro fatores


O resultado das pesquisas realizada pelo instituto bávaro foi claro: crianças com computadores em seus quartos têm piores notas, já que os usam mais para brincar do que para estudar, e o seu emprego, nas escolas, só é proveitoso se ele não for usado mais do que uma vez por semana.

Como explicam Ludger Wössmann e Thomas Fuchs, do instituto de Munique, outros fatores que influenciam decisivamente no rendimento escolar não foram considerados. Crianças provenientes de famílias cujos pais possuam profissões intelectualmente mais exigentes geralmente possuem computadores em casa. Pelos pais e não pelos computadores, elas apresentam melhor rendimento.

Os pesquisadores alemães sugerem, então, uma utilização moderada do computadores nas escolas, onde a comunicação entre professor e pupilo e a criatividade dos alunos não devem ser prejudicadas. Eles aconselham que as instituições invistam mais em livros e menos em máquinas.

Na opinião de vários institutos, a televisão ocupa uma posição semelhante à do computador no cotidiano de crianças e adolescentes.

O Instituto de Criminologia da Baixa Saxônia (KFN) realizou estudos com crianças e adolescentes em idade entre 10 e 15 anos. O resultado foi que seu principal passatempo era televisão e computador. O abandono escolar, principalmente entre alunos do sexo masculino, estaria ligado diretamente a este fato, segundo o resultado da pesquisa. O chefe do KFN, Christian Pfeiffer, desaconselha o uso descontrolado desses equipamentos antes dos 14 anos de idade.

Na maioria das vezes, o problema da tecnologia não está nela própria, mas na falta dela. Negar a tecnologia com certeza não é solução. Os resultados destes estudos mostram sobretudo a importância da orientação familiar em um mundo midiatizado, onde tudo parece possível.