Terreiros de umbanda vão virar salas de aula.

Terreiros de umbanda da capital e do interior serão transformados em salas de aula. A meta é analfabetizar mil pessoas que atuam nesses espaços, além de moradores de comunidades vizinhas. A iniciativa desenvolvida pelo programa Paulo Freire, da secretaria de educação do estado, tem apoio do comitê estadual de promoção da igualdade étnico-racial(cepir). O plano busca promover o aumento de escolaridade da população afro-descendente. O programa é direcionado para analfabetos, a partir dos 15 ano. O diferencial do projeto está nas aulas, pois o processo será realizado por educadores populares. " O programa tem como objetivo fortalecer as comunidades de origem africana. Por isso, é importante que os alfabetizadores sejam pessoas com vínculo social estabelecido com a localidade", explica a coordenadora-executiva do Programa Paulo Freire, Vera Capucho. Para isso, os potenciais professores serão identificados nas comunidades, respeitando o perfil e nível de escolaridade exigido para a função. A capacitação vai se basear na proposta pedagógica do programa Paulo Freire, com foco nos direitos humanos e no incentivo da integração racial. "A alfabetização nos terreiros é de grande valor para nosso povo, pois muitos não tiveram a oportunidade de estudar. Vajo isso como uma ação de reconhecimento com nossa comunidade", ressalta o babalorixá do terreiro Casa Amarela D´Ogum, Clayton de Ogum Aladê. Para o historiador e membro do terreiro Xambá, Hildo Leal da Rosa, a maioria dos não alfabetizados é composta por pessoas idosas, que muitas vezes, têm vergonha de ingressar na escola. Além disso, existe o preconceito em torno das adeptos de religiões afro. O investimento do programa Paulo Freire é de aproximadamente R$ 380 mil, resultado da parceria entre os governos estadual e federal. O valor será liberado mediante o cumprimento da meta do cadastramento de mil pessoas. Fonte: Jornal do Commercio. Almerinda Araújo.