A CISÃO DO HUMANO

Por Anissis Moura RamosPublicado 17/04/2011Psicologia

O grande conflito vivido pelo ser humano, nos dias atuais, se dá em função de ele não se conhecer na sua totalidade. O homem vive de forma fragmentada, não tendo sustentabilidade nos seus argumentos provindos do inconsciente. Mesmo que muitos neguem a existência do inconsciente, ele age e interage, a todo o momento, em nossas vidas.

A cisão do ser humano está relacionada ao fato da dificuldade que ele tem de entrar em contato com os conteúdos do seu inconsciente, dando ouvido apenas aos conteúdos da consciência. No momento que ele conseguir unir as informações contidas no inconsciente com o consciente, mesmo que isso ocorra por meio de símbolos, ele conseguirá se perceber como um ser inteiro. Os conflitos com os sentimentos opostos que carrega dentro de si, serão amenizados, pois compreenderá que todos têm o seu lado bom e mau, alegre e triste, entre tantos outros, por isso fazer parte da vida do humano. A partir de então, poderá assumir que existem algumas coisas na sua maneira de funcionar que o desagrada, conscientizando-se de que elas são passíveis de mudança. Não obstante, aquelas que realmente nos agridem, por não estarem de acordo com os nossos princípios, deverão continuar reprimidas no inconsciente.

Precisamos estar abertos para escutar o que tem a nos dizer a voz da repressão, do medo, da vergonha, da crítica. Mas que voz é essa? É a voz dos pais ou dos cuidadores, que está internalizada no inconsciente e que passa o tempo todo nos dizendo o que podemos ou não fazer, o que é certo e o que é errado, o que é bom ou mau. Mesmo na fase adulta, ainda estamos presos a essa voz, não nos dando conta que ela foi muito importante em nossas vidas, num determinado período. Que talvez hoje ela não se faça mais necessária, pois tudo o que eles nos transmitiram era embasado nas suas verdades, nos referenciais de valores da sua época e na visão de mundo que tinham.

Muitos se sentem culpados se não a escutarem. Não conseguem discernir o que eles devem manter e o que precisa ser descartado, para que consigam se perceberem e se sentirem como um ser integrado. Por isso, a importância de sabermos que é possível construir as nossas vivências, por meio do nosso olhar e dos nossos referenciais de mundo, que foram sendo criados no decorrer do nosso desenvolvimento. De compreendermos que somos seres facetados e que muitas vezes, nos defrontaremos com aquela imagem que não gostamos de nós, mas que temos que conviver. Assim, talvez o ser humano consiga se ver como um ser inteiro e viver melhor, respeitando a si e aos outros.

Alexandra