•Por Anissis Moura Ramos
•Publicado 6/03/2011
•Psicologia
LIMITES: problemas da criança ou do adulto?

Está reiniciando o ano escolar e já começa a se falar nos problemas de comportamento das crianças. O tema que ainda lidera a solicitação de palestras é “limites”. Isso me chama a atenção, porque sempre que falamos em limites pensamos em crianças e adolescentes. Olha o peso que eles têm que carregar. Por que não associamos o tema limites a adultos? Afinal, são eles que devem ensinar os limites para esses jovens. E aí me questiono, será que o adulto hoje tem limites?

Quando falamos em limite, as pessoas logo nos vêem como repressores, por associarem erroneamente a uma conotação negativa. Porém, limite significa uma linha de marcação, uma fronteira que diz até aonde a pessoa pode ir. Só que nos últimos tempos, parece que isso ficou esquecido. Não por culpa das crianças, mas de seus progenitores, que a partir da década de 70 se tornaram totalmente permissivos, por acreditarem que tiveram uma infância/adolescência muito reprimida, passando a deixar seus filhos fazerem tudo o que não fizeram. Passaram a dar total liberdade para seus filhos, transformando-os em libertinos.

Só que com isso, esqueceram ou não sabem, que os pais são os primeiros modelos de identificação da criança e que são percebidos por elas, como verdadeiros heróis, ou seja, tudo o que dizem ou fazem, tem um peso muito grande. Portanto, se os pais não têm limite, não tem regras, não são um modelo de identificação positivo e como exigir das crianças e adolescentes que tenham limites. Parece-me algo um tanto cruel, mas revela o funcionamento do adulto de hoje, que tudo projeta para os outros, isentando-se da sua responsabilidade.

A terceirização da educação é algo bastante comum, pois os pais alegam não ter tempo para educar seus filhos. Afinal, precisam trabalhar muito, para dar um bom padrão de vida ao filho. Mas será que é isso que realmente o filho almeja? Para quem será o bom padrão de vida, para os filhos ou para eles?

Infelizmente, as pessoas desconhecem que o limite tem um papel importante no desenvolvimento do pensar da criança/adolescente. Toda a vez que diz um não gera a frustração. A frustração leva a pensar, sobre os motivos que desencadearam o não. Dessa forma, os pais estarão ensinando a seus filhos a pensar, a tolerar a frustração e preparando-os para lidarem melhor com os problemas da vida adulta.

Dar limites não é bater, mas ensinar que os direitos de todas as pessoas são iguais, que o mundo não gira em torno de si, que existem outras pessoas no mundo, para que não se tornem adultos egocêntricos. É dizer sim quando for possível e não quando for necessário, é ensinar a diferenciar necessidade de desejo. É lembrar que a todo direito corresponde um dever.

Dar limites é um ato de amor, de acolhimento, de compreensão. Sentimentos que precisão ser passados para os filhos, a fim de que consigam estabelecer relações saudáveis, não só com a família, mas com a sociedade.